quarta-feira, 22 de abril de 2009

what is what

what is what,
when the wolf is crying?
what is what,
when the moon is shining?
what is what,
when your dream becomes true?
what is what,
when the problem is you?

embracing the shadows of loneliness,
your heart turns to grey by the evidence...
screaming inside your everyday lament,
forget the rain
and meet the pain.

A Metade Devorada

De repente, toda a minha vida estava nela, e nas minhas praticas, nas minhas disciplinas sórdidas e bizarras. Depois ela, apoiando o coração na nossa solidão entre os quilómetros de Lisboa-Porto, e horas de trabalho ingrato que me emudeciam os lábios com revolta calada, e um olhar desesperado por escapatórias e soluções, sem que viessem, e dias que faltava e procurava que o meu currículo encaixasse por toda Lisboa; e dias que ela telefonava e eu calado, não nos falávamos quando falávamos, e ela tocava-me como despedidas a prepararem-se. Apoiando o coração na nossa solidão foi rachando-o e quebrou-o. Mas ela havia sempre de voltar, eu sei, porque, coração completo ou metade devorado, éramos casa um do outro, porque jurávamos que amávamos não para amar, mas porque não se continha.

Depois foi o silêncio total: Irreconhecível e fora da vida que se conhecia e concebia. Quatro dias paralisados. Depois uma mensagem: “Telefona-me agora”




Ás vezes, sempre com a mente na alquimia e no deserto, e naquilo que escrevia dia e noite sobre a alma das coisas se resumir numa só alma de coisas, vinha uma espécie de ladrão e esse ladrão, em vez de me roubar o coração, roubava-me a paz ao devolver-mo. Ás vezes aguentava muito, e lia Byron, Blake ou Yeats, depois chorava muito, e continuava a ler entre as lágrimas. De seguida chorava muito sem livros, só comigo e com os meus movimentos desregulados de círculos caminhados. Depois pegava no telemóvel, que tinha estragado quando ela me disse do outro colo, e tentava pessoas: pessoas que me pisavam, postrando-me humilhado, em lições sobre mim mesmo, em castigos de quebra de eremitério.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

a-deus

– Ainda me achas crente?
– Tu falaste-me de crença no primeiro dia.
– Tu pareceste-me crente.
– Novamente, também tu.
– Mas fiquei incomodada com o teu à-vontade.
– Como, se me falaste de crença?
– Tu é que agiste mal ao avançar como crente.
– É melhor não continuarmos esta conversa.
– Porquê?
– Porque eu sei das conversões antes de mim.
– Isso não te diz qualquer respeito.
– Só não quero que me digas que ficaste incomodada.
– Quer dizer que ainda me achas crente?

Silêncio.